Uma pesquisa apontou que a utilização de contêineres que desembarcaram mercadorias para a exportação logo em seguida pode gerar uma redução de até 40% nos custos de logística. O estudo foi realizado na Faculdade São Vicente (Unibr), com foco nas operações do Porto do Santos. Com a prática sugerida, os contêineres não retornariam vazios aos portos de origem.
O projeto, realizado pelo aluno de pós-graduação em Logística Marcos Farias, foi finalizado em abril deste ano. “Numa economia cada vez mais globalizada e competitiva, cada vez mais otimizada e enxuta com relação a custos logísticos, é inevitável a busca por soluções que tragam resultados, não só pela localização geográfica, incentivos fiscais e mão de obra mais barata, como por modelos de gestão inovadores”, destacou o profissional.
Essa operação com os contêineres é chamada “round trip” (viagem de ida e volta, em tradução livre). Nela, em todos os trajetos, os contêineres estão carregados. O veículo nunca se desloca sem levar carga e participa, consecutivamente, do processo de exportação e importação.
Esse processo aumenta a produtividade da frota logística, reduz custos com um menor número de viagens e redução de gastos com manutenção. Adicione à conta uma melhor eficiência ambiental.
A pesquisa analisou o transporte de cargas entre o Porto de Santos e a Região Metropolitana de São Paulo. Segundo o estudo, o exportador reduz os gastos em R$ 654 por contêiner movimentado a cada viagem. No ano, são R$ 2.589.840 de economia. “Além disso, contribui na agilidade, nos prazos acordados nas transações comerciais e, também, na estatística anual da empresa, ao diminuir os resíduos sólidos, a poluição do ar, os ruídos e os acidentes em toda cadeia produtiva, trazendo benefícios tangíveis e intangíveis para a empresa”, destaca Farias.
Mesmo com as vantagens, ainda existem alguns desafios para a expansão da prática. O pesquisador destaca que encontrar empresas com interesse e implementar a metodologia não é fácil, já que é necessário que elas atuem tanto na importação como na exportação.
O estudo analisou uma montadora de veículos pesados. Em 2014, a empresa movimentou 7 mil contêineres com partes de automóveis para importação e exportação. Do total, 60% para desembarque e 40% de embarques. Em média, foram 20 caixas metálicas de importação por dia e 15 para exportação. Essa quantidade próxima permite que a empresa aproveite a maior parte dos contêineres nas viagens de ida e volta para o Porto.
Os serviços contratados separadamente, entre Santos e São Bernardo do Campo, custariam por volta de R$ 2.390, com R$ 1.240 o custo da importação e R$ 1.150 no transporte para a exportação. No modelo round trip, o custo seria próximo a R$ 1.700.
Informações: A Tribuna