Observa-se hoje no setor de logística que várias empresas constroem galpões para serem alugados e não vendidos. A adoção de um modelo de negócios voltado para a oferta de serviços e não de produtos traz alguns incentivos para a promoção da sustentabilidade no setor. Atualmente poucas empresas os reconhecem e tentam aproveitá-los, mas esse grupo deve crescer, uma vez que retornos positivos comecem a ser capturados pelas pioneiras.
De modo geral, as empresas ainda encontram dificuldades para incorporarem os princípios da sustentabilidade em seus produtos, serviços e processos. Isso se deve, muitas vezes, à dificuldade que têm em integrar esses princípios em seus modelos de negócio, isto é, em tornarem a sustentabilidade uma fonte de vantagens competitivas para a empresa.
Uma das formas que as empresas têm para lograrem essa integração é oferecerem seus produtos no formato de serviços. Para quem ainda não está familiarizado com esse modelo de negócios, posso exemplificá-lo com um famoso caso, no qual uma produtora de turbinas deixou de vender os equipamentos para seus clientes, passando a ofertar horas de vôo. A princípio, não se observa nenhuma mudança significativa no negócio, porém, ao ofertar serviços, os incentivos da empresa se modificaram, com suas prioridades passando a ser a produção de equipamentos com longa vida útil, com baixos custos de manutenção, e com alto potencial de reutilização e reciclagem de peças.
Na mesma linha de raciocínio, as empresas no setor de logística, que constroem galpões, mas ofertam seu aluguel, têm incentivos para otimizarem a operação durante sua vida útil. Daí surge a possibilidade de integração da sustentabilidade em seus modelos de negócio, uma vez que os investimentos para a adoção de tecnologias de construção sustentável, apesar de aumentarem os custos de construção – segundo estimativas internacionais, em cerca de 2% –, trazem retornos superiores na fase de ocupação do empreendimento.
Em síntese, ao promovem eficiência térmica, acústica, luminotécnica e no uso de água, as tecnologias de construção sustentável promovem a redução de custos com energia elétrica, água e manutenção, enquanto o empreendimento está em uso, trazendo economias para locadores e locatários. Essas oportunidades explicam porque empresas no setor de logística no Brasil têm buscado certificações em construção sustentável, como LEED e AQUA para orientarem a construção de seus empreendimentos.
A construção de empreendimentos com menor consumo de água e energia, por contribuírem com a sociedade e meio ambiente, ao reduzirem a pressão sobre os sistemas elétrico e hídrico e por si só já deveriam estimular as empresas a adotarem práticas de sustentabilidade. Porém, é a geração de ganhos econômicos e a capacidade da empresa de preservar e/ou gerar valor ao longo do tempo que fará com que a construção sustentável seja tratada como uma prática corporativa que assegurará competitividade. O caminho para a sustentabilidade no setor já é visível, agora é preciso que mais empresas se engajem na busca por ganhos ambientais, econômicos e sociais positivos e equilibrados.