Pode ser um pouco cedo para vermos as decorações em lojas, ruas e shoppings, mas não se engane: já é hora das empresas se prepararem para o Natal. Desde a ascensão do Black Friday para o e-commerce brasileiro, as lojas começaram a registrar recordes de vendas todos os anos. E a grande procura por produtos sempre acarretou na sobrecarrega dos serviços logísticos.
Ou seja, se mostra cada vez mais necessário um planejamento de logística antecipado para que as lojas consigam atender todo o público com qualidade. Tudo isso envolve a gestão do estoque, integração com sistemas de TI, movimentação de produtos e entrega, áreas de demanda intensificada com a Black Friday e as vendas de Natal.
No entanto, um erro é estimar que as atividades terminam no momento da entrega. Além das demandas de logística reversa, com trocas e retornos de produtos, as operadoras logísticas e as empresas que contrataram seus serviços devem aplicar mecanismos de controles com indicadores de desempenho, avaliando a qualidade dos serviços de toda a cadeia logística e o atendimento aos prazos oferecidos aos clientes. Dessa forma, as eventuais falhas já são reconhecidas e registradas para dar continuidade na otimização dos serviços.
Para se ter ideia, a Black Friday de 2013 representou o equivalente a 9 dias normais de venda para o e-commerce brasileiro. Em 2014, o dia especial de vendas teve um faturamento de mais de R$ 871 milhões, quase o dobro do ano anterior, que registrou R$ 424 mi. Ou seja, mesmo com o momento difícil da economia nacional, a data deve gerar um aumento relevante na demanda usual das lojas virtuais.
E entre as principais reclamações na Black Friday do ano passado estavam o custo do frete, longos prazos de entrega e produtos fora de estoque. Todos problemas diretamente relacionado às atividades da logística.
A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico realizou uma pesquisa que apontou que 61% das lojas virtuais têm como principal problema o atraso nas entregas. O estudo aponta que 82% das lojas possuem armazenagem própria. Apesar do maior controle da operação, uma armazenagem centralizada pode sofrer mais em momentos de pico de demanda, devido à baixa adaptabilidade e a menor possibilidade de negociação com transportadoras.
Cerca de 13% das empresas tem serviço de entrega própria, mas 81% das lojas ainda utilizam os Correios para entregas. Das entrevistadas, 23% das lojas virtuais optam pela contratação de transportadoras de acordo com a região. Ao separar fretes por transportadores de diferentes regiões, os e-commerce podem reduzir custos e oferecer serviços mais ágeis.
Confira nosso infográfico sobre a Black Friday de 2014.
Logística do e-commerce no Reino Unido
E as dificuldades não são exclusivas ao Brasil. “No ano passado, varejistas e transportadoras sofreram muitas críticas pelo atraso de entregas da Black Friday e Cyber Monday”, afirmou Simon Edwards, diretor de operações na consultora de recursos humanos ManpowerGroup. Segundo um estudo da empresa, as empresas americanas devem aumentar suas equipes para a temporada de vendas do final do ano.
“Como resultado [do ano passado], muitas empresas de entrega estão reavaliando sua necessidade de mão de obra sazonal, e dessa forma contratando com antecedência, para melhor atender a demanda gerada pelas vendas antes do Natal”, afirma.
A pesquisa da ManpowerGroup constatou que um quarto das transportadoras de pequeno e médio porte esperam crescimento significativo para os próximos 12 meses.
No início do mês, o Royal Mail (os Correios britânicos) declarou que 3,1 milhões de pequenas e médias empresas correm o risco de não atender os prazos de entrega prometidos aos clientes na Black Friday desse ano.
O Royal Mail realizou uma pesquisa com 250 pequenos empresários do Reino Unido e constatou que 95% estão se preparando e alguma forma, mas apenas 38% dos entrevistados aumentaram seus prazos de entrega para disponibilizar mais tempo para as transportadoras realizarem as entregas para os consumidores. Somente 36% declararam estar trabalhando juntamente a sua operadora logística para projetas o volume de entregas do ano.
O e-commerce britânico cresceu 12% no mês de julho na comparação com 2014. Compras via dispositivos móveis cresceram 42%. Um estudo realizado em julho no país mostrou que o número de consumidores que pretendem comprar na Black Friday deve ser quatro vezes maior em relação ao ano passado.
O Royal Mail começou a se preparar para a data em fevereiro, quando iniciou seu planejamento de suas instalações temporárias. Isso mostra que quanto mais tempo for destinado para planejar os serviços de logística para a data de maior demanda do ano para o e-commerce, maior chance de sucesso.
Então tente não se assustar ao começar a ver decorações em algumas vitrines. É que para muitas empresas, o Natal já começou.