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O perfil do passageiro brasileiro


Chegamos ao final da entrevista sobre o setor aéreo com o comissário de voo Lucas Muniz. Após avaliarmos “O cenário da aviação brasileira diante da Copa”, “As condições de trabalho dos profissionais da aviação” e a “Tecnologia e Infraestrutura do setor”, consultamos a opinião do entrevistado para tentarmos traçar um perfil do passageiro brasileiro.

Acompanhe a última parte da entrevista com o comissário Lucas Muniz e veja sua opinião em relação ao perfil dos passageiros brasileiros, diante do atual cenário da aviação no país.
BL – Lucas, as pessoas reclamam muito sobre o alto preço das passagens. De fato, eles são abusivos?
Companhia aérea quer lucro e a isso você soma o preço absurdo do combustível no Brasil! Há ainda as diversas taxas aeroportuárias e custos de operação. No Brasil é tudo muito caro. Há um exagero por parte das companhias áreas, mas não é fácil lidar com os custos que o Brasil impõe a elas. E, claro, o usuário é quem paga a conta no final.

 

BL – Ao falarmos de aviação, sobram críticas para o Governo, para as companhias aéreas e até para os tripulantes, mas e os passageiros. Para você, qual é o perfil dos passageiros brasileiros?
O brasileiro precisa saber do que reclamar e como reclamar. Conforme eu disse, há responsabilidades que cabem às companhias aéreas, às administrações dos aeroportos e, sem dúvidas, ao Governo Federal.

 

BL – Como você acredita que seja possível melhorar a qualidade da aviação no Brasil, especialmente após a Copa?
É só o foco não ser a Copa do Mundo, nem só para os estrangeiros. Que sejam muito bem-vindos e que possamos recebê-los da melhor forma possível. Mas os brasileiros merecem e precisam de um serviço de qualidade. Aeroporto de qualidade, aeroporto funcional é sinônimo de desenvolvimento econômico e social.

 

BL – Especialmente por ser a porta de entrada do país, não é?
Exatamente! Os aeroportos espelham a realidade vivida no país. Refletem nossa organização e é inicialmente por eles que seremos avaliados pela mídia e pelos passageiros. É como cuidar de nossa casa, ou as pessoas elogiam ou criticam nossa organização.

 

BL – Você é um dos muitos funcionários demitidos no polêmico caso da compra da Webjet pela Gol. Como está o mercado hoje com tantos profissionais em busca de recolocação em outras companhias?
Somos um país de dimensões continentais e possuímos, praticamente, só quatro cias aéreas de grande porte. Falta concorrência no Brasil. Concorrência gera preços melhores e garantiria maior oferta de vagas. Muitos colegas foram para a aviação executiva ou foram voar na Ásia e no Panamá, pois estava difícil por aqui.

 

Como vimos nessas últimas semanas, os desafios para o setor aéreo brasileiro são muitos. Além de problemas estruturais e da necessidade de avanços tecnológicos, é preciso investir e prover a saúde física e emocional dos profissionais do setor, assim como o próprio passageiro brasileiro precisa buscar conscientizar-se sobre seus direitos e deveres em relação aos serviços aéreos que utiliza.

 

Somente reunindo esforços de várias frentes (Governo, companhias aéreas e passageiros) a aviação brasileira crescerá continuamente em qualidade, oferecendo melhores serviços à população e, finalmente, seguindo para o alto e avante.

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