O mapa mural “Logística dos Transportes no Brasil”, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela o contexto logístico do país. Dados como a predominância do modal de transporte rodoviário, a concentração na região Centro-sul do país e potencial pouco explorado das ferrovias e hidrovias podem ser encontrados no estudo.
O trabalho do IBGE também registra as principais estruturas de logística, como as rodovias, ferrovias e hidrovias, armazéns, estações aduaneiras de interior (conhecidos como “portos secos”), pontos de fronteira, aeródromos públicos e terminais de cargas hidroviários.
Confira abaixo alguns dos principais tópicos apresentados pelo estudo
Modal rodoviário domina transporte de carga
Com uma estrutura de ferrovias e hidrovias carente, as rodovias ainda dominam o transporte de cargas pelo país. Dados da Confederação Nacional de Transportes apontam que 61,1% de toda a carga transportada no Brasil usou o sistema modal rodoviário; 21,0% passaram por ferrovias, 14% pelas hidrovias e terminais portuários fluviais e marítimos e apenas 0,4% por via aérea.
São Paulo é o único estado com estrutura logística completa
Já apontado aqui no Blog Logística, São Paulo é o único estado que conecta o interior à capital por uma rede vasta de transporte, que inclui rodovias duplicadas, ferrovias e a hidrovia do Tietê. O maior aeroporto (Guarulhos) e porto (Santos) do país também estão no estado.
O estudo também aponta que a maior parte das rodovias pavimentadas de regiões de grande movimentação, como o noroeste do Paraná, Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais, Distrito Federal e o litoral do Nordeste não são duplicadas.
Ferrovias são focadas no transporte de commodities
Apesar da estrutura ferroviária no país ser limitada, ela atende uma demanda muito importante na economia brasileira: o escoamento de commodities.
Com foco no transporte do minério de ferro e nos grãos do agronegócio, destacam-se a Ferrovia Norte-Sul, que liga Anápolis (GO) ao Porto de Itaqui, em São Luís (MA), que transporte a soja, e a Estrada de Ferro Carajás, que liga a Serra dos Carajás ao Terminal Ponta da Madeira, também em São Luís, e a Estrada de Ferro Vitória-Minas, que liga Minas Gerais ao Porto de Tubarção (ES), no transporte de minérios.
Região Norte é a única em que predomina as hidrovias
Aproveitando o potencial da região, o Norte do país usa, historicamente, o transporte de passageiros em pequenas embarcações. Além das hidrovias dos rios Solimões, Amazonas e Madeira, a região depende dos outros rios menores para a circulação interna.
Nas outras regiões, destacam-se as hidrovias do Tietê-Paraná e do Paraguai, que possuem importante papel na circulação de produtos agrícolas de São Paulo e da Região Centro-Oeste.
Armazéns concentrados nas regiões de produção agropecuária
A estrutura logística de armazenagem brasileira está concentrada nas regiões Sul e Centro-Oeste do país (além do estado de São Paulo).
O estudo do IBGE ainda aponta que no Sul e em Minas e São Paulo, os armazéns são de dimensões menores. Na região Centro-Oeste, onde predomina a expansão da fronteira da agropecuária, com destaque para a produção de soja, os armazéns possuem maior capacidade.
Portos escoam soja, petróleo e minério de ferro
A economia brasileira ainda é fortemente baseada na exportação de commodities, e o estudo mostra a divisão de portos por cada uma delas.
Na soja destacam-se os portos de Itacoatiara (AM), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Salvador (BA), Santarém (PA), São Francisco do Sul (SC) e o Porto de Itaqui (MA).
Os combustíveis e derivados de petróleo se destacam em terminais do Nordeste, como Aratu (Candeias – BA), Itaqui (MA), Fortaleza (CE), Suape (Ipojuca – PE), Maceió (AL) e São Gonçalo do Amarante (Pecém – CE).
No minério de ferro, os portos que mais movimentam cargas são os terminais da Vale, Ponta da Madeira, em São Luís (MA) e de Tubarão, em Vitória (ES). O primeiro recebe principalmente a produção da Serra de Carajás, no Pará. O segundo está associado à produção de Minas Gerais.
A maior quantidade de carga movimentada nos portos organizados do país está localizada no Porto de Santos (SP), devido à sua localização estratégica, com movimentação em grande escala de carga de maior valor agregado, transportada em contêiner.
São Paulo e Rio concentram transporte aéreo de passageiros
O transporte aéreo de cargas no país é pouco utilizado, geralmente voltado a produtos de alto valor agregado ou de maio perecibilidade, que exigem maior segurança e velocidade no trajeto. A conexão São Paulo-Manaus representava mais de 20% do total da carga transportada.
Dados de 2010 apontam a São Paulo a maior concentração do transporte aéreo, com 26,9 milhões de passageiros em voos domésticos e 10,4 milhões em internacionais. O segundo lugar ficou com o Rio de Janeiro, com 14,5 milhões e 3,1 milhões, respectivamente.
São Paulo concentra quase metade dos portos secos do país
As estações aduaneiras de interior, ou portos secos, são instaladas próximas às áreas de expressiva produção e consumo e agilizam as operações de exportação e importação de mercadorias. O estado de São Paulo concentra a maioria destas estruturas, 28 das 62 de todo o Brasil.
As regiões Nordeste e Norte possuem apenas duas estações cada, em Recife e Salvador, Belém e Manaus. O Centro-Oeste apresenta apenas três.
As fronteiras com Argentina, o Paraguai e o Uruguai (países, junto ao Brasil, fundadores do Mercosul) e as dinâmicas interações entre os países explicam as 11 cidades da região Sul com portos secos.
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