O iFood nasceu em 2011 como um buscador de restaurantes que oferecem opção de delivery. O serviço nasceu do Disk Cook, empresa que oferece a entrega dos pratos de restaurantes mais sofisticados de Rio de Janeiro e São Paulo.
Se o papel do Disk Cook era se tornar um provedor logístico, o iFood tinha a proposta de ser o elo entre cliente e restaurante – ou nas palavras do CEO Felipe Fioravante, “ser o Google do delivery”. Tinha.
Isso porque a empresa realizou em março a compra da SpoonRocket, empresa voltada para tecnologia de entregas rápidas. Assim, o iFood se volta sua operação diretamente para a logística.
A SpoonRocket ficou conhecida por realizar entregas em até 15 minutos. As operações da empresa consistem no rastreamento de motociclistas com otimização de rotas. Se o iFood mudou a forma de como pedir um delivery, agora o objetivo é revolucionar a entrega. Em entrevista para a Exame, Fioravante mostra o objetivo da aquisição. “Já revolucionamos muito a forma de pedir e o próximo passo é melhorar o pós-pedido”, destaca.
A tecnologia da empresa ainda inclui as operações de despacho, automação e entrega, que darão suporte aos serviços do iFood. O serviço se assemelha com o oferecido pelo Uber, analisando a trânsito e identificando o entregador melhor posicionado para atender o pedido.
A otimização do transporte tem um grande impacto tanto para os estabelecimentos, como para o consumidor. Entregas mais rápidas e eficientes garantem uma maior satisfação com o serviço, além de proporcionar preços e custos menores.
Desafios
Um dos desafios que o mercado de delivery de comida encontra é parecido com o do e-commerce brasileiro: o dilema do frete grátis.
As taxas do serviço de entrega, apesar de gerar comodidade, é muitas vezes vista como um gasto desnecessário pelo consumidor. Além de investir na qualidade do serviço, propondo novas soluções, é educar o público acerca da importância dessas operações.
“O delivery é difícil e custoso para os restaurantes. Muita gente quer entregar comida nas casas dos clientes, mas não sabe como fazer isso ou não quer enfrentar esse trabalho. Otimizando esse processo, conseguiremos mudar essa indústria e oferecer uma qualidade geral melhor e um preço mais baixo para os consumidores”, destaca Fioravante.
O tempo de espera é outro problema recorrente. Quem nunca reclamou que a comida está demorando? As pessoas pedem quando já estão com fome, então é necessário diminuir ao máximo possível e otimizar o tempo de preparo da comida com a chegada do entregador.
Com esse cenário, as tecnologias implementadas serão oportunidades para apresentar novas soluções para os estabelecimentos e agilizar as entregas para os consumidores.
Investimentos
A SpoonRock não foi a única aquisição recente do iFood, que absorveu 15 empresas nos últimos anos. Somente em 2015, a empresa recebeu aporte de R$ 62 milhões de dólares. Segundo o CEO, o valor foi investido em tecnologia, marketing e comerciais.
A política de aquisições seguiu a necessidade de expansão do iFood. Boa parte das empresas contavam com bons relacionamentos em regiões em que o serviço ainda não estava presente.
Em fevereiro, a empresa passou a controlar o Hellofood, que foi vendida para o Just Eat, que tem 40% de participação do iFood. Contudo, as operações das duas empresas seguirão separadas. Mas Fioravante ainda destaca o movimento, “importante para a aquisição de talentos que têm muito conhecimento do nosso mercado”.
Números
Os números do iFood mostram um crescimento expressivo. Desde 2012, o número de pedidos online supera os telefônicos somados do iFood e do Disk Cook.
Em fevereiro deste ano, o iFood registrou 1,5 milhão de pedidos. Em novembro, eram 1 milhão. Segundo Fioravante, a média mensal é de 1,3 milhão de pedido, que movimentam cerca de R$ 850 milhões.
O iFood atende 10 mil restaurantes em 100 cidades cadastradas no sistema.
O serviço pretendia ser o Google do delivery. Provavelmente, já o é. Com os investimentos em tecnologia para as entregas, é provável que se torne também a Amazon do delivery.