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Como a Amazon pode recuperar o transporte marítimo de cargas

Mesmo sendo uma gigante do e-commerce que desenvolve alguns dos processos logísticos de tecnologia de ponta (como drones e entregas em porta-malas de carros), a Amazon está pronta para entrar em um mercado mais tradicional: o transporte marítimo de cargas.

A informação foi apurada pelo site da Flexport, que obteve a informação de que a Amazon China registrou um pedido junto à Comissão Marítima Federal dos EUA para enviar cargas ao país.

Com o registro, a filial chinesa da empresa de Jeff Bezos poderá, além de enviar produtos em seu estoque, prestar serviço de transporte marítimo para outros varejistas. Atualmente, a companhia oferece em alguns países o Fulfillment by Amazon (FBA), serviço onde empresas podem vender utilizando a loja online e o sistema logístico da Amazon. A atuação no transporte marítimo daria ainda mais autonomia para o e-commerce.

Transporte marítimo

Segundo apontado pela The Economist, o mercado de transporte de cargas em contêineres está em declínio nos últimos anos, principalmente pela queda de demanda da China por commodities.

O custo de enviar um TEU pelo oceano Pacífico caiu pela metade em 2015. Contudo, a expectativa atual é de uma recuperação do mercado, e a entrada da Amazon pode ser um dos grandes motivadores para novos investimentos.

Atualmente, consumidores pagam menos de US$ 1.300 para enviar um contêiner de 40 pés de Shenzhen para Los Angeles. Cada contêiner deste porte pode levar mais de 10 mil encomendas, ou seja, US$ 0,14 por produto em média. Segundo a Flexport, o consumidor paga menos de US$ 10 para o frete de uma TV que atravessa o Pacífico.

Com o preço tão em baixa, boa parte dos custos de logística envolvem direitos trabalhistas. E a Amazon é uma das empresas com maior capacidade de automação de processos logísticos do mundo. Junte isso à tradição da empresa em trabalhar com preços próximos ao valor de custo, que trazer sua tecnologia de logística para o transporte marítimo poderá trazer uma revolução a este mercado, que mesmo em baixa, ainda movimenta US$ 350 bilhões por ano.

Com a nova empreitada, a gigante do e-commerce abre o caminho para o abastecimento de seus centros de distribuição com produtos chineses baratos e para disponibilizar todo o processo de entrega aos fabricantes na China. O movimento inicial contempla apenas os portos americanos, mas no futuro poderá abranger outros países.

Quem isso beneficiaria?

Segundo análise do Flexport, a entrada no transporte de cargas via mar, pelo menos a princípio, será mais interessante para a Amazon da China do que para a matriz americana. Isso porque os fornecedores chineses teriam acesso facilitado ao mercado norte-americano, criando maior competição para as empresas do EUA que vendem via FBA.

Como transportadora, a Amazon tem acesso a informações dos fornecedores, importadoras e valores movimentados. Atualmente são mais de 40.000 varejistas com receita superior a US$ 1 milhão por ano que vendem pelo sistema da empresa. Com acesso a esses detalhes, a Amazon garante vantagens competitivas ao atuar tanto como braço logístico dessas empresas, como uma forte concorrente.

Para os varejistas chineses, que atuam normalmente com produtos de menor valor, compartilhar os valores com a Amazon para utilizar seus serviços logísticos não seria um fator tão problemático.

Um desafio à concorrência

Com concorrentes como Wish (maior app de e-commerce em mais de 30 países) e Alibaba, a Amazon expande sua atuação para manter seu domínio entre os grandes players do comércio eletrônico mundial.

Ao entrar no transporte marítimo de cargas, a empresa oferece um sistema totalmente integrado e de fácil acesso para fornecedores chineses venderem seus produtos. Mesmo que as operações marítimas da Amazon possam demorar alguns anos para se iniciar, elas serão uma estratégia chave de Jeff Bezos para se diferenciar ainda mais dos competidores.

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