A tecnologia de direção autônoma está cada dia mais próxima, com grandes fabricantes e gigantes da tecnologia (como o Google) envolvidos no desenvolvimento de veículos que dispensam motoristas para se deslocar. E a direção autônoma também deve chegar aos caminhões, o que pode significar um novo caminho para os serviços logísticos de entrega.
As iniciativas para levar a direção autônoma à logística passam principalmente pelos caminhões, mas também podem chegar às ferrovias, com as locomotivas sem condutores.
Como afirma a consultoria Oliver Wayman, a tecnologia ainda pode ajudar a resolver um problema que assola Estados Unidos e países da Europa: a falta de motoristas. Vale destacar que o Brasil também teve uma crise de mão-de-obra durante as negociações da Nova Lei dos Caminhoneiros, no ano passado.
A mudança da direção humana para a automatizada ainda pode gerar redução de consumo de combustível e do número de acidentes nas estradas.
Caminhões autônomos
Produzido pela Mercedes-Benz, o Actros – também conhecido como Future Truck – é o primeiro caminhão autônomo a entrar em produção em série.
A fabricante já realizou testes com o modelo na rodovia A8, em Denkendorf, na Alemanha, em outubro de 2015. O caminhão conta com o sistema Highway Pilot System, que guia o veículo em vias públicas, identificando faixas, pedestres e outros veículos.
A tecnologia autônoma já é aplicada em veículos pesados off-road utilizados em locações remotas e zonas de guerra.
Para a total liberação de circulação, a legislação de cada país ainda terá que se adequar aos veículos sem motoristas. Considerando as maiores dimensões e as cargas pesadas, os caminhões deverão atrair ainda mais preocupações de segurança.
Direção autônoma nas ferrovias
Se a condução autônoma encontra várias dificuldades legais para ser implementada em carros e caminhões, com os trens a situação é um pouco mais tranquila, principalmente pelas locomotivas trafegarem em trilhos fixos e não terem que lidar com a imprevisibilidade do tráfego.
Atualmente, cerca de 48 sistemas de metrô são autônomos. A mineradora Rio Tinto recentemente inaugurou seu primeiro serviço de viagens sem maquinistas em uma ferrovia de mais de 1.600 quilômetros com 42 trens na Austrália.
A demanda por caminhoneiros
Existe uma grande demanda por caminhoneiros em vários países. O setor enfrenta problemas como mão-de-obra envelhecida, salários baixos, regras restritas de horas na estrada e novos trabalhadores menos dispostos a ficar longos períodos longe de casa.
Atualmente, nos Estados Unidos, há uma carência de cerca de 35 mil caminhoneiros. Em 2023, a demanda pode chegar a 240 mil trabalhadores. Na Alemanha, a expectativa é que 40% dos caminhoneiros se aposentem na próxima década, o que pode levar a uma falta de 250 mil trabalhadores.
Além de contribuir para o desenvolvimento sustentável e mais seguro, a expansão da direção autônoma é uma solução contra a falta de mão-de-obra para as empresas de logística e transportadoras.
Dessa forma, a demanda para motoristas em viagens longas diminuiria, podendo alocar os transportadores para tarefas mais complexas, como retiradas e entregas de produtos. Isso controlaria problemas de jornadas de trabalho, por exemplo.
Economias
Os caminhões autônomos também seriam mais eficientes, já que poderiam rodar por um tempo mais prolongado, sem a necessidade de seguir regras de descanso para os motoristas. Isso pode reduzir o custo das viagens em 33%.
Utilizar a estratégia de movimentação por pelotão de caminhões autônomos guiados por um veículo com condução humana na frente pode reduzir o consumo de combustível em até 10%.
A taxa de acidentes pode cair em até 70%, o que poderá diminuir taxas de seguros. Com a introdução de faixas exclusivas para caminhões em rodovias, os gastos relacionados a acidentes devem cair ainda mais.
Isso tudo gera a menor ocorrência de congestionamentos, atrasos, roubos em estradas e perdas de produtos.
Algumas estimativas calculam que os tráfegos com veículos próximos em velocidades constantes por longas distâncias podem aumentar a capacidades das rodovias para mais de 200%.
Principais desafios
Além das liberações legais e do pleno desenvolvimento da tecnologia, a expansão dos caminhões autônomos pode depender de, ao menos em período inicial, a criação de faixas exclusivas para esses veículos.
Toda expansão de vias exige obras geralmente caras, o que pode facilmente se transformar em um empecilho político e econômico para a tecnologia.
Uma solução oposta seria restringir os veículos convencionais a pistas específicas, cobrando até diferentes taxas de pedágios, já que cada condução gera uma porcentagem distinta de acidentes.
Contudo, esse cenário ainda é improvável no curto prazo, e só deve se estabelecer nos países desenvolvidos quando os veículos autônomos tiverem maior apoio público e político.
Mesmo com a falta de mão-de-obra, é bem possível que sindicatos de trabalhadores da área se oponham à tecnologia.
Os veículos leves autônomos devem começar a surgir dentro dos próximos cinco anos. O sucesso deles será primordial para a aceleração da implementação nos caminhões.
Fizemos um infográfico mostrando como serão os caminhões do futuro. Confira!
Com as deficiências da logística brasileira, ainda é difícil imaginar uma infraestrutura nacional preparada para receber esses veículos. Ainda assim, é importante ficar o mais próximo possível dos avanços tecnológicos para que essas soluções sejam implementadas também aqui.